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quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

1º ANO - INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA HISTÓRIA



AULAS 1 e 2          1º ANO
 
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA HISTÓRIA
Em um determinado momento de sua existência, a espécie humana dá início ao seu processo de evolução e altera profundamente a sua forma de organização, inclusive sentindo a necessidade de interferir na natureza para adaptá-la às suas necessidades, nesse instante o homem começa a ter consciência sobre si mesmo.
Uma das grandes perguntas que os estudiosos têm feito é: como e quando ocorreu o surgimento da espécie humana? Como ocorreu a sua transformação? Os questionamentos são diversos.
Várias teorias foram e são formuladas tentando explicar o mistério da vida e a evolução da espécie humana. Entre elas merecem destaque:
1.       A teoria criacionista, na qual prevalece a visão religiosa. Segundo os criacionistas, o homem foi criado por Deus a sua imagem e semelhança, sem ter passado por nenhum processo de evolução que alterasse as suas características essenciais. Essa teoria é bastante discutida do ponto de vista científico.
2.       A teoria evolucionista, inaugurada pelo pesquisador inglês Charles Darwin, defende que a espécie humana é resultado de um longo processo de evolução e seleção natural. Essa teoria foi formulada no século XIX e vem sendo objeto de estudo até os dias atuais.

A HISTÓRIA COMO CIÊNCIA
A História é uma ciência, pois adota o método científico de pesquisa e procura estudar e compreender as relações humanas ao longo do tempo, ou seja, como os diversos grupos humanos se organizaram e interagiram com a natureza e com eles mesmos para garantir a sobrevivência da espécie. As diversas formas de organização, e todas as suas manifestações culturais, são objetos de estudo, análise e interpretação para a compreensão do passado, o entendimento do presente e até mesmo do futuro.
Ao longo dos séculos, a visão e os métodos de estudo da História passaram por várias fases. Na antiguidade, a História era um relato das batalhas, das vitórias e das grandes realizações dos chefes militares, reis e imperadores. Alguns poucos, os historiadores passaram a se preocupar com os sentimentos e a realidade das camadas dominadas da sociedade. Faziam relatos sobre a vida cotidiana, mas sem buscar a base documental e interpretativa dos fatos relatados.
Na Idade Média Ocidental, e até mesmo na época Moderna, a História manteve a sua base de relatos de grandes feitos, só que agora sob a forte e determinante influência religiosa que, até o século XVI, foi uma exclusividade católica.
A primeira grande mudança em relação ao ato histórico surge no século XVIII com o advento do Iluminismo, cujos integrantes se preocuparam com o entendimento científico, relegando a um plano menor as influências religiosas e a dos feitos dos grandes monarcas.
Os iluministas buscavam razões concretas, fundamentadas em uma base documental sólida, para a análise e interpretação dos acontecimentos. Efetivamente, ocorreu uma diversificação das fontes históricas, possibilitando uma ampliação do conhecimento e das interpretações sobre o passado humano. Foram incluídas novas fontes históricas, tais como: moedas, vestimentas, arquitetura, escultura, pintura, ferramentas, literatura, registros cartoriais. A História vai deixando de ser apenas um mero relato dos fatos, vai-se fazendo ciência.
Um grande passo em direção ao fortalecimento da História enquanto ciência ocorre no século XIX, com o advento de novos pensadores sociais. Três grandes correntes irão se destacar:
1.       A romântica, que tinha por base a grande epopeia humana, a ação do herói.
2.       A positivista, desenvolvida a partir das teorias de Augusto Comte, que defendia a ideia de ciência exata, na qual tudo estava condicionado à causa e ao efeito;
3.       A marxista, que enfatiza a fundamental importância das condições materiais de existência, ou seja, da economia para o estudo da trajetória das sociedades. As estruturas econômicas (a infraestrutura) condicionam as demais estruturas humanas (superestrutura). Enfatiza o choque de opostos – a luta de classes – como elemento fundamental para as transformações sociais.
No início do século XX (1929), tem início uma nova concepção histórica conhecida como Escola dos Annales. Ela rompe com a visão tradicional da História, pois propõe pensar o conhecimento histórico a partir de uma visão que aproxima cada vez mais a história conhecimento da história experiência. A História tornou-se interdisciplinar, aproximando-se de outras ciências sociais e abriu novas possibilidades para o entendimento do passado.
A partir dos Annales, novas fontes históricas foram incorporadas ao processo de pesquisa. Nasce a História vista de baixo, ou seja, do cotidiano, das mentalidades, da oralidade, da cultura, da vida privada, entre outras.
Segundo IDEL BECKER, em Pequena História da Civilização Ocidental“Marc Bloch, o destemido mártir da resistência francesa, é o nobre arauto da historiografia como artesanato: a História é um ofício – “o ofício de historiador”. Ele possuía uma nova visão: a teoria histórica devia ser construída e reconstruída, dentro da prática cotidiana. Lucien Febvre observou que “Bloch sabia melhor do que ninguém que o tempo não se detém e que os livros de História, para serem úteis, devem ser discutidos, saqueados, contraditos e continuamente corrigidos e revistos.” Palavras mais certas não poderiam ser escritas. Como Febvre acrescentou, “o homem terá de ser estúpido para se considerar infalível” (Carol Bark). Já o disse Croce: "Toda historiografia é contemporânea e, portanto, deve ser reescrita constantemente.”
Imaginemos. É o que historiadores sempre se veem obrigados a fazer. Seu papel é o de recolher vestígios, os traços deixados pelos homens do passado, de estabelecer, de criticar escrupulosamente um testemunho. Esses traços, contudo, principalmente aqueles deixados pelos pobres, pelo cotidiano da vida, são tênues, descontínuos. Para tempos muitos remotos, eles são raríssimos.
GEORGES DUBY. A Europa na Idade Média.

A PERIODIZAÇÃO DA HISTÓRIA
No século XIX, como resultado da explosão das ciências e do conhecimento, se desenvolvem novas disciplinas, entre elas a História, que passa a ser ministrada nas escolas como parte integrante do currículo. É necessária uma transformação na figura do historiador, levando ao aparecimento do professor de História e do livro didático. O professor, muitas vezes, acumula a função de pesquisador e escritor. Os países ganham a sua própria História. No Brasil, em 1838, foi criado o Instituto Histórico Geográfico Brasileiro, com o objetivo de coligir, metodizar, publicar ou arquivar os documentos necessários para a História e a Geografia do Brasil...”
Circulando regularmente desde 1839, a Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro é uma das mais longevas publicações especializadas do mundo ocidental. Destina-se a divulgar a produção do corpo social do Instituto, bem como contribuições de historiadores, geógrafos, antropólogos, sociólogos, arquitetos, etnólogos, arqueólogos, museólogos e documentalistas de um modo geral. Possui periodicidade trimensal, sendo o último número de cada ano reservado ao registro da vida acadêmica do IHGB e demais atividades institucionais. R.IHGB
Para facilitar a leitura e o ensino, a existência humana foi dividida em duas grandes fases: a Pré-História e a História, sendo esta dividida em quatro grandes blocos de tempo:
História Antiga: compreende as fases da Antiguidade Oriental e Ocidental. Tem como marco inicial o aparecimento das primeiras civilizações, por volta de 4500 anos a.C., e se estende até 476 d.C. quando ocorre a queda do Império Romano ocidental.
História Medieval: compreende o período que se estende da queda de Roma – 476 – até a queda de Constantinopla, capital do Império Bizantino em 1453.
História Moderna: estende-se desde a queda de Constantinopla, em 1453, até a Revolução Francesa, em 1789.
História Contemporânea: estende-se desde a Revolução Francesa, em 1789, até os dias atuais.
Vale ressaltar que essa divisão é apenas didática e aceita por um grupo de historiadores ocidentais.

O HISTORIADOR E O TEMPO
Para Fernand Braudel, a "História é a ciência do passado e do presente, um e outro inseparáveis".
Com base na afirmação de Braudel, é possível afirmar que o tempo e a função de historiador são inseparáveis. Assim sendo, os estudiosos tiveram a necessidade de dimensionar o tempo dos acontecimentos e, no mundo ocidental, aceita-se o calendário católico para o balisamento dos fatos. Assim, divide-se a História em antes e depois de Cristo


 

                                                                        a.C      d.C.
2000, 1500, 1000, 700, 500, 300, 100, 10, 1,    1, 10, 100, 300, 500, 700, 900, 1000, 1500, 2000, 2013
                                                                                  Nascimento de Cristo                                                                            

O calendário utilizado no mundo ocidental passou a ser usado em larga escala a partir de 1582, com uma reforma empreendida pelo papa Gregório XIII, em 1582, motivo pelo qual ficou conhecido como gregoriano. O calendário possui alguns erros de cálculo em relação às datas originais, um deles se refere ao ano do nascimento de Cristo, que segundo estudos mais recentes deve ter acontecido entre 4 a.C. a 7 a.C.     
Vale ressaltar que atualmente existem vários calendários em vigor em regiões e povos, como o povo judeu cujo calendário, que existe há mais de 3300 anos, ocorreu quando Deus mostrou a Moisés a Lua Nova, no mês de Nissan, duas semanas antes da libertação dos filhos de Israel do Egito, no ano 2448 após a Criação do Mundo.
Para os islâmicos, seguidores do Islamismo, o calendário começa com a Hégira, fuga de Maomé de Meca para Medina, que no calendário cristão ocorreu no ano de 622.

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
A história dá “lições” na medida em que ensina a dúvida metódica, o rigor, em que é aprendizagem de uma crítica da informação. É isso que me faz pensar que a história (...) é a ‘escola do cidadão’, que ela contribui para formar pessoas cujas opiniões sejam mais livres, que sejam capazes de submeter as informações com que são bombardeadas a uma análise mais lúcida, (...) menos enredadas nas malhas de uma ideologia. Ela ensina a ler a complexidade do real.
Georges Duby & Guy Lardreau. Diálogos Sobre a Nova História

1. A partir do texto acima, julgue os itens abaixo sobre o conhecimento histórico.
(1) O conhecimento da história não se traduz no acúmulo de conhecimentos sobre acontecimentos do passado; ele os ultrapassa na busca da compreensão de suas causas e de suas interações recíprocas que formam o processo histórico.
(2) A reeleição de Fernando Henrique Cardoso para a Presidência, a recente desvalorização da moeda brasileira frente ao dólar e o caráter conservador do Congresso Nacional são exemplos de fatos históricos.
(3) A história é um conhecimento científico, no sentido de que a ciência estabelece as causas definidas dos fenômenos e apresenta a capacidade de prever acontecimentos futuros.
(4) O trabalho do historiador é antes de mais nada a interpretação do real.
(5) Ideologia, de acordo com o texto, significa o conjunto das ideias acumuladas por uma sociedade ao longo do tempo.

Para Fernand Braudel a "História é a ciência do passado e do presente, um e outro inseparáveis". Outro historiador, Peter Burke, lembra que "por mais que lutemos arduamente para evitar os preconceitos associados a cor, credo, classe ou sexo, não podemos evitar olhar o passado de um ponto de vista particular". Já Edward H. Carr conceitua a História como "um processo contínuo de interação entre o historiador e seus fatos, um diálogo sem fim entre o presente e o passado".

2. Com o auxilio do texto, julgue os itens seguintes.
(1) Segundo os autores citados, o passado histórico tem vida própria, estando desvinculado das circunstâncias do tempo presente.
(2) Enquanto a História se ocupa do estudo dos atos humanos ao longo do tempo, a Geografia volta-se para a análise atemporal do espaço, desvinculando-o das ações empreendidas pelas sociedades.
(3) Mesmo que se volte para o estudo de um passado longínquo, o historiador não está livre de condicionamentos diversos ao investigar e escrever sobre o tema escolhido.
(4) Já que o passado não pode retornar, nem ser revivido, a História não pode ser reescrita.

3. (Fundação Universa/IFB) O atual avanço da chamada história cultural, ramo da historiografia conhecido desde fins do século XIX e que foi redescoberto nos anos 70 do século XX, inscreve-se em um contexto em que, como lembra Peter Burke, “é cada vez mais difícil dizer o que não faz parte da cultura”. Ante a dificuldade de defini-la, é correto afirmar que o campo em que atua o historiador cultural é, fundamentalmente, aquele voltado para
a) as relações sociais de produção.
b) as condições materiais de existência.
c) o simbólico e suas representações.
d) os sistemas de poder político.
e) a arte produzida coletivamente.

4.       Explique a importância do Marxismo para a produção historiográfica.
5.       Explique a diferença entre a história vista de cima e a história vista de baixo.



3º ANO EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES

AULA 1 CRISE DO SEGUNDO REINADO E PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA



1.   Com a abolição da escravidão, foi rompido o principal entrave para a solução da “questão da mão-de-obra”. Os grandes plantadores de café, aproveitando da migração transatlântica de trabalhadores europeus, consolidaram o sistema de colonato nas lavouras cafeeiras. O colonato pode ser definido como:
a) um sistema informal de prestação de serviço por meio do qual o lavrador, temporariamente, trabalhava nos cafezais e ganhava uma remuneração diária;
b) um regime contratual no qual o trabalhador e sua família recebiam um salário em dinheiro e um pedaço de terra para cultivar alimentos, formando um semiproletariado;
c) uma relação de produção típica do capitalismo em que o trabalhador, não possuindo nenhum controle sobre os meios de produção, vende sua força de trabalho;
d) um tipo de associação em que o proprietário das terras fornece os lotes e alguns insumos produtivos, enquanto o lavrador participa com o trabalho e a administração do negócio;
e) um regime de trabalho no qual o lavrador paga o aluguel da terra ao proprietário em dinheiro, apropriando-se da safra e dos frutos de sua comercialização.

2.   Podemos dizer que a vitória do movimento republicano, a 15 de novembro de 1889, deveu-se, em grande parte:
a)  à ascensão das camadas urbanas e sua aliança com fazendeiros do Oeste Paulista e militares;
b)  ao apoio da Guarda Negra, formada por ex-escravos, ao Marechal Deodoro da Fonseca;
c)  à decadência econômica da lavoura do Sudeste e recuperação dos setores ligados aos senhores de engenho com tendências liberais;
d)  exclusivamente à adesão da Igreja Católica à luta republicana;
e)  às dívidas e derrotas brasileiras na guerra do Paraguai, desgastando o governo imperial.


3. (UnB) – Julgue os itens abaixo, relativos à vida econômica das duas primeiras décadas do Brasil Imperial.
(1) Os Tratados de 1810, entre Portugal e Inglaterra, herdados pelo Brasil independente, implicaram a transplantação da dependência do Brasil Imperial em relação aos interesses britânicos.
(2) A invasão de produtos ingleses, nos primeiros tempos do Império, foi acompanhada pelo aumento expressivo das exportações brasileiras.
(3) A expansão da agricultura tradicional brasileira, ampliada pela situação internacional favorável e pela renovação de métodos na produção doméstica, levou à retomada do desenvolvimento das regiões Norte e Nordeste do país.
(4) O café, apesar de ter vivido sua fase áurea na segunda metade do século XIX, já era produto expressivo nas exportações brasileiras.

4.   (UnB) – “A Monarquia viu solapadas, no decorrer dos anos, as suas bases sociais e caiu de maneira inglória, colhendo pouco menos que uma indiferença geral. Embora os republicanos ideológicos não fossem numerosos em 1889, a confiança na Monarquia tinha descido a níveis mínimos. Além disso mesmo não sendo a maioria, os republicanos eram organizados e ativos e sabiam o que queriam.”
                  Luiz Roberto Lopez. História do Brasil Imperial.

A respeito da queda do Império no Brasil, julgue os itens a seguir.
(1) A crise do Império ocorreu em momento de grande popularidade do sistema monárquico no Brasil.
(2) O Segundo Reinado ruiu em virtude dos desgastes intrínsecos do próprio sistema de poder.
(3) Com o golpe republicano de 1889, o povo teve acesso a grande participação na vida pública.
(4) O nascimento da República está associado ao conjunto das transformações estruturais ocorridas no Brasil, na segunda metade do século XIX.


5. (UnB-98) – Com referência à crise do governo imperial no Brasil, nas últimas décadas do século XIX, julgue os itens a seguir.
(1) As crises do Segundo Reinado, cujos sintomas são nítidos a partir da década de 70, tornaram insustentável a continuidade do Estado Imperial na década seguinte.
(2) O ideal republicano, novo na vida política brasileira da segunda metade do século XIX, teve força suficiente para abalar as estruturas políticas do Império.
(3) Um dos fatores da crise foi o fato de o encaminhamento da abolição da escravidão ter provocado desgastes nas relações entre o governo imperial e suas bases sociais de apoio.
(4) Os atritos do governo imperial com o Exército e a Igreja foram fatores que contribuíram para agravar a crise.

1º ANO EXERCÍCIOS DE GRÉCIA



EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES


1. O processo histórico grego gerou conceitos, instituições e valores que tiveram grande influência e presença na chamada Civilização Cristã ocidental, da qual pertencemos. Reportando-nos à História da Grécia Antiga, julgue as afirmações a seguir.
(1)   O desenvolvimento do pensamento racional entre os helenos está relacionado às novas condições socio-econômicas e políticas geradas pelo processo de desagregação do sistema gentílico e formação das póleis.
(2)   As condições de isolamento geográfico, as peculiaridades do processo de cinesismo que formou as póleis e a tendência ao predomínio do comércio externo em detrimento do interno, não evitaram a união político-institucional entre as cidades gregas sob o poder de um só Estado.
(3)   Diferentemente de Atenas, cidade essencialmente agropastoril, uma estrutura socioeconômica mercantil e dinâmica permitiu que Esparta evoluísse politicamente, passando da monarquia para a oligarquia, tirania e, finalmente, a democracia.
(4)   As leis draconianas, as reformas de Sólon, a tirania de Psístrato e os governos de Clístenes e Péricles, foram etapas importantes no processo de ampliação do direito de cidadania a todos os habitantes de Atenas, com exceção apenas dos escravos e metecos.

2. (UnB) – Leia o trecho abaixo, extraído do poema de Tirteu (séc. Vll. aC. – Esparta) chamado areté (excelência).

1




5



10




15
É um bem comum para a cidade e todo o povo / que um homem aguarde, de pés fincados, na primeira fila, / encarniçado e de todo  esquecido da  fuga vergonhosa, / explorando sua vida e ânimo sofredor, / e, aproximando-se, inspire confiança com suas palavras ao que Ihe fica ao lado. / Um homem assim distingue-se no combate. / Em breve derrota as falanges furiosas dos inimigos / com seu ardor detêm as vagas da batalha. / Se ele cair na primeira fila, perdendo a cara vida, / deu glória à cidade, ao povo e ao  pai, / (...)  o seu túmulo, os seus filhos serão notáveis entre os homens, / bem como os filhos dos filhos, e toda a posteridade. / Jamais perecerá a sua nobre glória, o seu renome / (...)


Com o auxílio do texto, julgue os itens seguintes relativos à história da Grécia arcaica.
(1)   No momento de constituição da polis, valores e poderes aristocráticos ainda se encontravam presentes na formação do homem grego.
(2)   No séc. Vll a.C. espartano, a antiga aristéia combate singular entre dois guerreiros – já cede lugar às batalhas hoplíticas, em que o sucesso militar depende do desempenho coletivo da falange, “dos pés fincados, na primeira fila” (L.2), do compromisso com o companheiro “que Ihe fica ao lado” (L.6).
(3)   O atributo maior do herói homérico, a valentia, fundamental para a conquista da fama, mantém-se e transforma-se no renome do soldado da pólis que dá “glória à cidade, ao povo e ao pai” (L.10).
(4)   A definição do estatuto dos cidadãos como semelhantes e iguais, base para a consolidação da pólis, contradiz as transformações militares que substituem o combatente individual pelo soldado hoplita.

3. As tragédias, bem entendido, não são mitos. Pode‑se afirmar, ao contrário, que o gênero surgiu no fim do século Vl, quando a lin­guagem do mito deixa de apreender a realidade política da cida­de O universo trágico situa‑se entre dois mundos, (...)
J. P. Vernant. Mito e Tragédia na Grécia antiga. Vol I.

Considerando a interpretação oferecida pelo trecho de J. P. Vernant, julgue os itens seguintes, relativos à história do mundo grego antigo.
(1)   A instauração de uma nova ordem política, com a consolidação da pólis, contribuiu para o revigoramento do mito como sustentáculo de práticas de poder.
(2)   O novo gênero – história –, contemporâneo da vitória da pólis, afirmou‑se, com Tucídides, na crítica ao mito, propondo formas mais racionais de acesso ao passado.
(3)   A llíada e a Odisséia, principais expressões da epopéia grega, falam de um mundo marcadamente democrático em que a personagem principal é o povo.
(4)   As tragédias tinham por tema estórias do presente, o que permitiu aos seus autores ignorar quaisquer lendas oriundas da tradição épica.

4. A respeito da Antigüidade Clássica, julgue os itens abaixo.
(1)   Ao contrário de Atenas e de outras pólis gregas, Esparta manteve‑se sempre oligárquica, não evoluindo para a democracia.
(2)   Politicamente, Esparta organizava‑se sob uma diarquia, ou seja, uma monarquia composta por dois reis, que tinham funções religiosas e guerreiras.
(3)   A religião grega era fortemente marcada por dogmas: os fiéis tinham de praticar o culto segundo um rígido ritual.

“Sólon, não sendo tirano, estava investido de poder supremo para mediar as azedas lutas sociais entre os ricos e os pobres que irromperam na Ática ao virar do século Vl (...)”.
Perry Anderson

5. Dentre os legisladores atenienses destacou-se Sólon. A relevância de suas reformas deve-se à abrangência econômica, social e política das mesmas. Com relação ao aspecto político das reformas, por ele empreendidas, é correto afirmar:
a)    a instituição do areópago, conselho cuja composição era limitada aos eupátridas e que, em virtude desse aspecto, revestia-se de funções exclusivamente religiosas;
b)    a criação da Bulé, ou Conselho dos Quinhentos, órgão legislativo cuja composição era restrita aos demiurgos ou comerciantes, eleitos anualmente, mediante sorteio, em número de cem por cada uma das cinco tribos atenienses;
c)    a partir do século Vll a.C., a economia ateniense assumiu um caráter monetário, fato que implicou à dinamização do comércio e, conseqüentemente, o fortalecimento da classe dos comerciantes, a qual passou a ostentar uma postura política hegemônica na Grécia;
d)    Sólon combateu os antigos privilégios sociais e políticos existentes, ao dividir a sociedade mediante um critério censitário. Tal critério passou a condicionar a participação política dos cidadãos estabelecendo assim a timocracia;
e)    Sólon revolucionou a legislação ateniense ao organizar, por escrito, as leis consuetudinárias, fundamentadas na tradição oral e que reproduziram, sobretudo, os interesses do regime político plutocrático.

6. (UnB) – Leia o texto a seguir.

“Quem poderia servir de testemunha, melhor do que ninguém, perante o tribunal do tempo, senão a grande Mãe dos olímpicos, a Terra negra, da qual tirei, um dia, as cercas, em milhares de lugares, essa Terra, outrora escrava e agora livre. Repatriei a Atenas, sua pátria fundada pelos deuses, muitos homens que haviam sido vendidos, ilegalmente ou não; outros ainda, que foram levados ao exílio e que nem mais falavam a língua ática, como acontece quando vagamos por meio mundo. Outros enfim, que, aqui mesmo, viviam na escravidão infame, sofrendo os caprichos dos seus senhores, alforriei. (...) Além disso, proclamei leis, tanto para os maus como para os bons, aplicando para cada qual a reta justiça.
Apologia de Sólon, pelo próprio, citado por Aristóteles.
Constituição de Atenas (12, 4).

Com o auxílio das informações contidas no texto, julgue os itens que se seguem.
(1)   No processo de afirmação do regime democrático ateniense, a obra legislativa de Sólon caminhou passo a passo com as reformas sociais.
(2)   A invocação da “Mãe dos Olímpicos” confirma que a esfera religiosa esteve próxima do mundo público ateniense.
(3)   Atribui-se a Sólon a criação de um tribunal popular aberto a todos os cidadãos, a Helieia, que, no mínimo, servia de instância de apelação.
(4)   Se comparada às épocas homérica e arcaica, a escravidão diminuiu consideravelmente em toda a Grécia, durante o período Clássico.
     
      Vamos, filhos dos gregos, libertai a vossa pátria, libertai os vossos filhos e as vossas mulheres, os santuários dos deuses, vossos pais e os túmulos dos vossos avós; lutai hoje por todos os vossos bens.
Ésquilo. Os Persas.
7. O trecho acima pertence a uma peça do teatro grego, que representa uma das grandes realizações desse povo na antigüidade. Com uma cultura prodigiosa os gregos produziram uma civilização única, suas obras e seu pensamento marcam profundamente nossa sociedade e cultura. A respeito da notável cultura grega e seu teatro, julgue as afirmativas.
(1)   O teatro na Grécia uniu o pensamento racional e lógico com a riquíssima mitologia grega, produzindo obras impressionantes, tanto pela temática como pela narração primorosa.
(2)   A tragédia, expressão do teatro grego, teve em Atenas sua manifestação mais expressiva como um ato cívico.
(3)   Os escritores mais ilustres, como Ésquilo, Sófocles e Eurípedes, tiveram na polis espartana o espaço para suas obras.

“Os Atenienses denominaram, por vezes, Sólon como o pai da democracia, mas isso era um mito anacrônico. Embora tanto Sólon como Psístrato tivessem, por vias diferentes, aplanado o terreno, enfraquecendo o sistema arcaico, especialmente o monopólio político das famílias aristocráticas, nenhum deles, escusado será dizer, tinha em mente a democracia. A mudança, quando chegou, foi rápida e súbita, seguindo-se ao derrube da tirania, em 510 a.C., com ajuda dos Espartanos e da guerra civil de dois anos que se seguiu; e o arquiteto do novo tipo de governação foi Clístenes. Clístenes não foi um teórico, e parece ter-se tornado um democrata virtualmente por acidente, ao virar-se para a gente comum quando precisou com urgência da sua ajuda, nas confusas lutas provocadas pelo vazio de poder após a deposição do tirano, Hípias, filho de Psístrato. A estrutura de Clístenes não era ainda a de Péricles: foram necessárias duas plenas gerações para aperfeiçoar o sistema, período que incluiu não só as Guerras Pérsicas e a construção do Império, mas também muitos conflitos internos, porque as forças contrárias à democracia ainda estavam longe de estar subjugadas em 508 a.C.”
M.I. Finley. Os Gregos Antigos.

8. Com o auxílio das informações contidas no texto, julgue os itens a seguir, relativos à história dos reformadores políticos de Atenas.
(1)   Drácon, anterior a Sólon, é efetivamente o primeiro nome da lista dos ditos reformadores atenienses. Sua pessoa está ligada à criação de um código de leis escritas (621 a.C.), pondo com isso fim ao primado do direito consuetudinário, até então transmitido e preservado oralmente.
(2)   O nome de Sólon está ligado ao fim da escravidão por dívidas e ao fim do direito de primogenitura: é a democracia se implantando em Atenas e sendo consolidada por Psístrato, ao extinguir todas as instituições geradas pela tirania.
(3)   A democracia escravista de Clístenes excluía do processo político não só os escravos propriamente ditos, mas também os estrangeiros (metecos) e as mulheres.
(4)   O ponto culminante da democracia ateniense foi atingido durante o governo de Péricles (461 – 431 a.C.), e seu maior feito foi estender o direito de cidadania a todos os habitantes de Atenas e conceder direitos políticos aos metecos, às mulheres e aos escravos alforriados.

“Nestas condições, a Democracia ateniense, quando confrontada com nossas modernas concepções, surge como uma oligarquia de fato, simplesmente menos estrita que as oligarquias de direito. Mas as concepções modernas não nos fornecem uma medida adequada. Sua ina­daptação salta aos olhos no que diz respeito à escravidão, que todas as sociedades antigas admitiram como uma necessidade natural, uma realidade fundamental. Por definição, o cidadão deve gozar de sua liberdade pessoal; como imaginar-se o escravo tornando-se politicamente igual àquele que continuaria a ser seu senhor, e como evitar esta monstruosidade sem transformar toda a organização social ?”
Aymard e Auboyer.

9. Com base no texto e em seus conhecimentos, analise os itens abaixo.
(1) A democracia implantada em Atenas por Clístenes serviu de modelo para as nossas atuais instituições políticas, pois foi estabelecida com base na total isonomia de direitos e deveres, princípio que se estendeu a todos os habitantes da cidade.
(2) As mudanças no aparelho administrativo e político do Estado visavam aperfeiçoar o regime escravista, eliminando a superexploração dos trabalhadores escravos, mesmo não lhes concedendo todos os direitos políticos.
(3) O trabalho escravo era a base da vida econômica da sociedade e os trabalhadores escravos, que constituíam uma parcela considerável da população da Ática, não possuíam quaisquer direitos civis ou políticos.

10. No comando dos helenos tomou o rumo do oriente. Em 334 conquistou a Pérsia, tendo depois se voltado para a Síria e mais tarde a Tiro, importante cidade fenícia. Posteriormente conquistou a Palestina e Egito, chegando depois à Índia. Com todo o oriente conquistado tornou a cidade da Babilônia a capital de seu império.
O texto refere-se:
a)  à atuação da Liga de Delos;
b)  ao imperialismo ateniense;
c)  ao expansionismo de Alexandre, responsável pela instauração do Império Helenístico;
d)  às conquistas gregas no oriente, no quadro das Guerras Médicas;
e)  à expansão médica que resultou na conquista do Império Persa.

11. A sociedade grega era constituída de cidades‑estados que possuíam formações sociais, políticas e econômicas diferenciadas. A respeito dessa sociedade, julgue os itens seguintes.
(1) Apesar das distintas composições políticas, Atenas e Esparta aboliram o trabalho escravo e mantiveram uma ordenação social segundo os estatutos militares.
(2) A colonização empreendida no mar Mediterrâneo garantiu o equilíbrio socioeconômico e desenvolveu a prática mercantil.
(3) Atenas, ao estender a igualdade sociopolítica a toda a população, favoreceu o crescimento econômico, bem como vulgarizou o estudo da filosofia.
(4) Os gregos, em virtude do desenvolvimento político e dos estudos filosóficos, racionalizaram as crenças religiosas e ignoraram os heróis.

12. Leia o texto abaixo, de Péricles – legislador ateniense –, escrito em 430 a.C.

Temos um sistema político que se chama democracia, pois trata‑se de um regime concebido, não para uma minoria, mas para as massas. Em virtude das leis, todas as pessoas são cidadãos iguais. Por outro lado, é conforme a consideração de que goza em tal ou tal domínio que cada um é preferido para a gestão dos nossos negócios públicos, menos por causa da sua classe social do que pelo seu mérito.

Com o auxílio das informações contidas no texto, julgue os itens que se seguem, relativos à Grécia antiga.
(1) Todos os cidadãos, homens e mulheres, inclusive os estrangeiros com mais de cinco anos de residência, exerciam os seus direitos políticos em igualdade de condições.
(2) Em virtude da democracia e da igualdade perante as leis, os suspeitos ou transgressores da lei não eram punidos com a perda dos direitos políticos.
(3) No século de ouro, época em que Péricles governou Atenas, o trabalho escravo foi abolido por ser incompatível com os princípios democráticos.
(4) Os cidadãos menos afortunados tinham a possibilidade de participar da vida pública, até mesmo porque esta era uma atividade remunerada.

13. (CATÓLICA) – A civilização grega antiga foi uma civilização brilhante sob vários pontos de vista: politicamente, permitiu a participação do cidadão no poder político por meio da democracia; culturalmente, forneceu as bases para o pensamento filosófico ocidental, para o teatro e vários outros ramos das manifestações artísticas. E toda essa pujança se conseguiu graças ao sistema escravista que libertava o cidadão do trabalho direto e manual. Sobre esta civilização, julgue os itens em verdadeiros ou falsos.
(0) A colonização grega entre os séculos VIII e Vll a. C., significou a completa superação de problemas como a escassez de terras férteis, o que diminuiu as tensões sociais entre hectomoros e eupátridas.
(1) Em razão das tensões sociais, Drácon iniciou uma reforma na sociedade, planejada pela aristocracia, contudo, deteve‑se a escrever as leis que até então eram orais.
(2) Podemos caracterizar a democracia ateniense como sendo excludente, na medida em que vetava a participação da mulher na vida política, favorecendo apenas os metecos e cidadãos.
(3) Apesar do helenismo definir‑se a partir da penetração do caráter urbano grego na tradicional sociedade oriental, o escravismo continuou sendo o sistema básico de produção do mundo helenístico.
(4) Para os gregos antigos, havia uma íntima relação entre a religião e o Estado, onde os deuses regiam tanto a vida privada como a pública.

“Apesar da estima que Alexandre parece ter devotado sempre a seu antigo mestre, uma barreira os distanciava: Aristóteles não concordava com a fusão da civilização grega com o Oriental. segundo ele, gregos e orientais eram naturezas distintas, com distintas poten­cialidades, e não deveriam coexistir sob o mesmo regime político. Aristóteles estava profundamente convencido de que o regime político dos gregos era inseparável de seu temperamento, sendo impossível transferi-lo para outros povos...”
Os Pensadores. Aristóteles. Nova Cultural

14. (CATÓLICA) – Analisando o trecho acima e a história da Grécia antiga, julgue os itens a seguir, assinalando V para os itens verdadeiros e F para os falsos.
(1) O trecho acima se refere ao período helenístico, período da conquista de um império asiático por Alexandre, o Grande, que tem sido considerado, com propriedade, o fim da história particular da Helade.
(2) Alexandre, juntamente com Aristóteles, seu adorável mestre, dominaram a Grécia e permitiram a fusão das culturas de várias regiões asiáticas conquistadas com os valores gregos. Essa fusão deu origem a uma manisfestação cultural, a Liga de Delos, que teve como centro as cidades de Alexandria e Pérgamo.
(3) Aristóteles estabelece nítida distinção entre as populações “bárbaras” e a pólis grega, somente esta, sendo uma comunidade perfeita, pois era a única a permitir ao homem uma vida verdadeiramente boa, seguindo os princípios morais e a justiça.
(4) A cidade de Atenas atingiu seu apogeu durante o governo Alexandre, período em que o escravismo chegou ao auge, dando condições econômicas para o desenvolvimento da cidade.
(5) Na política, durante o governo de Alexandre, retomou-se o despotismo oriental, em que a autoridade do governo era inquestionável, sepultando as conquistas de liberdade e direitos que fundamentaram a democracia grega.